Parábola do tanque de roupa

E tenho dito:

- Tanque de roupa é terapia sim!

Elixir revigorante para distúrbios do ócio,
negócio para exercitar bíceps e tríceps.
A barriga fica fresca e molhada no verão,
esfregando o calção do filho ou o próprio.

O ópio das domésticas não é droga!

Deveria estar em voga entre as madames,
seres de enfartos e derrames imaginários,
mas homens abastados não devem se privar.
Passar férias na Alemanha?
Nada disso.
A solução está ali,
no divã desfaz enguiço.
De pedra, mármore ou plástico
tanto faz, o design é fantástico
e as benesses, imediatas.
Lava bem as gravatas
e também o seu terno, afinal,
és ou não homem moderno?
Mas a modernidade não quer saber de tanque,
há quem banque empregada, lavanderia...
Mas saiba, se bancar,
o tratamento vai por água abaixo.

- Acho melhor yoga, pilates...

Não tem problema,
maltrate o bolso, vale apena!
Tudo é muito devagar,
requer esforço e tal.

- Acho melhor voltar
(para junto do tanque ancestral)

E o tanque agradece a preferência.

Sem contra indicação, censura 12 anos,
livra insanos de girar discos ao contrário
para ouvir mensagens ocultas, do demo.

- Gente, assim não... por telefone!

- Até chamada em conferência nóis temo, certo?

Certo!

- Glória?

Glória!

Ela sim é que era mulher de verdade...
Batia um bolão no tanque, só vendo.
Entendo agora o motivo da adoração.

Santo tanque de roupa - padroeiro dos desocupados e arrogantes, rogai por nós!

São Paulo