Roemos até os ossos a nossa própria sorte
E não entendemos quando só restam carcaças.
Tecemos ideais e muitas vezes tornam-se desgraças,
Amamos ver a vida, por vezes semeamos a morte...

Não enxerguei a razão e a verdade em tudo;
Ora! Mas já vivi tantos anos e tive experiências!
Ainda assim não aprendi nada além de demências:
Quis questionar e posicionar, mas tinha de ficar mudo.

Convenci-me que os erros todos eram da minha parte,
Porque nenhum outro assumiu os seus.
Bem sei que reagi grosseiramente; não sou um deus,
Mas as atitudes alheias também não são obras de arte.

Minha mente foi desmoronando e posta no absurdo.
Minha vontade, amor e carinho comidos por um abutre.
Já nem sei se fui usado ou o que ainda nutre
A tua lembrança. Tua música invade meu ouvido surdo.

Mas esqueceste de mim depois de decolar.
Encontrei a ti em um frio canto, prenhe de sonhos,
Todavia, a realidade mostrou teores tristonhos
E nada importou, nada quebrou o gelo de teu lar...

Roemos até os ossos da nossa própria sorte
E não entendemos quando só restaram carcaças...
Este abandono e indiferença são sarças
Onde me perco e tu continuas tão certa de si e forte...