Olha essa cidade, olha as luzes
Olha os parques, sinta os perfumes
Diga-me se não é um bom lugar
Um lugar pra se estar, pra namorar

Olha as diretrizes, olha as cicatrizes
Marcas urbanas, marcas insanas
Deixadas pelas nossas calçadas
Vidas cortadas, crianças largadas

Olha as armas, as praias cheias de garrafas
E os sonhos perdidos, jovens iludidos...
À luz do luar. Um casal rico curte o mar

Olha o viaduto, olha o absurdo
Olha o tamanho, olha que estranho
Esse duro ambiente, tão deprimente
Ele me inspira e me assusta
Ele não respira uma vida justa

Olha o rodovia, olha pra vida
Olha aquela fila, olha dentro da pupila
Olha essa rotina, olha pra retina
Dos cegos que veem quando convém
E dos cegos que não sabem que são alguém

Um retrato falado da cidade
Pesquisa do censo buscando a verdade,
Mas na realidade fingem que não se sabe

Beleza e tristeza na tela se fundem
Ignoram a dor e a todos iludem
A maquiagem lucrativa que não querem que se acabe

A selva de pedra grita socorro
Vozes da cidade, vozes do morro
Quando é que vão construir "um sinal de pare"?