Não posso passar em preto,
Não posso passar em branco,
Passarei pela furta-cor
Contra o ódio incolor
Que furta sonhos e direitos.

Não posso deixar em branco
Essas páginas aborrecidas,
Pela dor preta dos séculos
Nos dorsos dos livros esquecidas

Não posso deixar em preto
Essas letras brancas e claras,
Manuscritas em pergaminho
Que somos todos jóias raras.

Nao posso deixar no grafite
A estrutural utopia,
Reservei essa página em branco,
Para pedir minha alforria.

Gil Miranda
© Todos os direitos reservados