MANSA LOUCURA

Afirmam que sou louco por viver 
Voando pelas asas da poesia 
Que os pés no chão grudados hei de ter 
Para enfrentar, tenaz, o dia-a-dia 

Se for loucura meu poetizar
Seja a poesia meu céu, meu nirvana 
Porque lá fora a vida a nos sugar 
É louca, desvairada e desumana 

Sequer tento fugir da insanidade 
Pois minha pouca sensatez me ensina 
Que já é louca a dura realidade 
E à loucura o fado me destina 

Prefiro, à sanidade, todavia,
Fugir do acre travor da atroz rotina 
E enlouquecer no colo da poesia
Onde o viver suave me alucina 

Ou por amar meu eu então mereça 
Do amor a insanidade e a alegria:
Se for pra enlouquecer que eu enlouqueça
De tanto amar e de fazer poesia!
 
Oldney Lopes©

Brumadinho, setembro 2019