Morre gente todo dia aqui no barracão

Morre gente todo dia aqui no barracão
Noite a dentro se escuta os besouros de prata voando
E pousando nos corações destroçados da miséria
 
Morre gente todo dia aqui no barracão
A gota a gota a fome vai esvaziando a esperança
O feijão ralo se cala no suor da noite exausta
No breu das vielas e no aluguel a vencer
 
Morre gente todo dia aqui no barracão
O artista que não conseguiu terminar sua peça
O desenhista que nem sabia que seus "rabiscos" era arte
O poeta que não tinha  seus amigos "cults" para o sarau no café
O malabarista que não foi legitimado porque estava no semáforo
 
Morre gente todo dia aqui no barracão
Também aqui tem vela e flor...mesmo que pouco
E a dor é a mesma dor de se perder quem se ama
Não tem noticiário,no Maximo um rodapé no jornal
Afinal é mais uma vida que se foi
Vida essa que já vivia na penúria da sociedade
 

 
                                                                                               Cy

Cynthia nogueira
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