CONFISSÕES DE UMA EX CARNÍVORA

 ''Você é muito sensível para sentir dor'', foi o que eu ouvi e ouço quando me corto, fico gripada ou de TPM. Concordo. Mas as dores que já senti em toda uma vida nem de perto se comparam à que os animais que vão para os pratos de comida sentem em apenas um dia. Quando assistir àqueles vídeos de abatimento me senti mais impotente do que de nunca.
Decidir não comer mais carne. Não quero me fazer de garota superpoderosa, mas nem senti falta. Sei que tomei a decisão certa. Eu gostava de bifes de frango, mas nada que a soja ou o grão de bico não possam substituir. Agora o único bife que engulo calada é o que a manicure tira da minha unha.
Espero nunca perder a minha sensibilidade ao sofrimento dos animais, é o que eu peço em minhas orações. Sensibilidade, talvez o que falta nos donos dos frigoríficos, nos seus trabalhadores e em seus consumidores de carne. Se sensibilidade, compaixão, carácter e hombridade coubessem em um conta-gotas, seria indispensável para quem abate.
Eu não tenho criação de gado, nunca trabalhei em frigorífico nem matei um animal para comer, mas acredito que exista sim, uma maneira mais digna e decente de abater. Abates humanitários tem o mesmo objetivo: a carne para se consumir. Porém, não causam tanta dor.
Entre abater, machucar ou deixar agonizar, existem diferenças e o mais importante, vidas. Que suportam dores que nem você e eu suportaríamos. Um porco precisa ter seu nariz e testículos cortados com um facão e se não bastasse, sal jogado nas feridas? Uma galinha precisa ter sua cabeça pisoteada por homens extremamente pesados? Um pintinho precisa conviver com dores crônicas por ter o bico cortado ao meio? Uma vaca ou boi precisa ter sua jugular cortada? E em todas estas práticas abomináveis o animal está vivo, sem anestésicos ou cuidados. Creio que nem a palavra NÃO, basta para dizer o contrário.
Forma-se uma interrogação na minha mente: POR QUE? Maldade humana? Abuso contra os mais frágeis? Covardia? Ou tudo isto e muito mais?

Sarah Marques
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