Silêncio!

O ovo foi partido e nasceu a nova inocência...

Vem coberta por musgos eletrônicos e seus passos

soam como teclas sob unhas bem feitas...

 

Anda como se o tempo ficasse para trás,

como se o homem fosse um chumaço de hortelã jogado na salada,

vem para reviver o paraíso perdido,

para limpar o vidro

diante da visão humana...

 

Nem a serpente, adorável figura malsã,

sabertá o que lhe dar de comer,

nem a poesia mais maldita dirá o que se esconde

sob seus belos olhos, tão puros, tão cheios do caldo

dos campos de centeio onde mora o apanhador...

 

Você, que troca de roupa mas não troca de alma,

você, que troca de instrumento colonizador mental

mas não troca de saliva, beba do néctar da inocência

e saiba porque a alma tem tantos becos

e tão poucas pontes...

 

Prieto Moreno
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