Vem vem vem violar-me...

Vou te contar uma história de dois amores que por toda vida viveram separados, o destino os manteve assim por longos anos, todos os esforços foram feitos para que crescessem separados, em vão... A medida que eles cresceram tiveram vontades de conhecer novos ares, de descobrir suas raízes e ramos, conhecer as histórias de ramos que embora tão distantes se pertenciam de uma forma familiar.
E assim foi, se descobriram e aos poucos se conheceram dia à dia que passou, descobriram a vida em comum, gostos em comum e mais a vontade do encontro aumentava, para poderem sentir a princípio o simples toque das mãos, o calor do  abraço e a alegria de ver o sorriso bem de perto. Mais aumentou a vontade de ficarem por horas conversando sobre tudo e sobre coisas sem nenhuma importância. Mas se lembrando sempre que são amores, cresceram longe um do outro, e as possibilidades de estarem juntos pela primeira vez despertou sensações próprias dos amores, sentimentos de quem há muito tempo estavam guardados preparados para serem compartilhados intensamente.
Te conto uma história de dois amores sem medidas, que não caberia no escalímetro, em que o céu é o limite, a história de um amor com início meio e "vírgula", tentativas de ponto final, mas com recomeços avassaladores.
Te conto uma história de dois corações que ambicionam a felicidade pelo resto de suas vidas, e terão de fato, pois esta se alcança com muito sacrifício, são totalmente determinados.
Então se prepare para entrar em um devaneio doce, agradável em que não se quer acordar.
Tudo começa por um olhar mais atento sobre os nomes e as pessoas por tráz da imagem, e as primeiras impressões que se tem após as primeiras linhas e empatias, argumentos inesperados e bem vindos, circunstâncias que levaram à outras paralelas, sugestões próprias de quem quer receber o amor e dá-lo em mesma medida, em decorrência dos gestos de carinhos por quem esteve a vida inteira ausente, o encontro tornou-se o momento mais aguardado.
Esta história que eu te conto agora fala de duas crianças que tiveram os mesmos temores e sofrimentos parecidos, alegrias e sonhos, choros e risos repartidos, perdas e conquistas, e quase tudo poderia ser comparado na vivência de ambos.
São dois amores que descobriram tardiamente que se amam e poderiam viver e renunciar tudo pela simples possibilidade de serem felizes.
São duas crianças no coração e na mente mas com a relevância de adultos bem conscientes e maduros.
Foi no começo de julho, mês em que as azaléias estão cheias de botões e que por isso torna-o mais romântico dos meses, para quem aprecia os perfumes e cores desta natureza exuberante, tal como são as formas e texturas do corpo que ama e o cheiro que exala.
Durante todo o tempo que passou conversaram sobre a vida, sobre as suas intimidades e segredos, revelações e descobrimentos trocados, permissão para leitura do diário, segredos da infância, inevitavelmente o amor e desejo de estarem perto surgiu, foi alimentado até se tornar incontrolável. Esta história de dois amores que cresceram longe e não dividiram sorrisos, nem abraços e gestos de ternura, ganhou uma chance de ser um amor presente, concreto, que se pode pegar e não será questionado jamais se existe ou é só ilusão.
E a promessa de se encontrarem no "finalzinho" vai ser o maior tesouro guardado. 
Verdade é que deixou de ser comparado a um fluído que apenas passa por entre os dedos, deixou de ser apenas devaneios, se tornou real como as flores de julho, que desabrocham em agosto e perduram por todo o outono. 
Estes amores por muito ausentes, fizeram da poesia a forma mais original de se  expressarem e regar a mais pura paixão com doces palavras escolhidas ou não, simplesmente jogadas como pétalas pelo caminho que iam andando de mãos dadas em sonhos. Palavras cheias de vontades, carinhos e volúpias, palavras que causaram emoções ao serem escritas e lidas, palavras que causaram choro de saudades, que despertaram curiosidades e sensações mesmo que não vividas ou compartilhadas em presença, desejos e cenas de uma experiência que ainda não fora vivida.
O encontro desde então passou a ser a consequência de tudo o que foi revirado e desenterrado nos corações, já não se podia mais esperar, controlar ou resistir, nem uma hora mais, nada seria capaz de deter duas almas sedentas pelo amor, dar asas a todos os desejos e vontades, nada absolutamente.
Cada um em seu mundo diferente, ávidos por colocar em prática os conhecimentos adquiridos de amores passados e presentes, fantazias até então não realizadas.
O dia do beijo, do abraço e do homicídio por matar a saudade, ela não morre assim tão facilmente, não mesmo...
Mas o dia chegou... se encontraram...
Daton e "Menina dos sonhos"...
Façam ideia da realidade... 

Daton
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