Ela existe para encantar,
como as ondas que no vasto mar
o vento lampeiro faz dançar...
E há quem por ela tem tanta estima,
que faz de sua pluma uma lima!
Da bailarina ela tem o passo,
do cantor excelso o compasso...
o grácil verso a prende em seu laço;
Quando nos lábios ela se anima,
o olhar alaga de quem arrima!
Seus mansos ruídos são iguais
aos do sino ecoante cheio de ais...
seus movimentos são musicais!
Há quem a desdenha, há quem a mima,
de seus primores nem se aproxima.
Não há motivos, temores, não
para se esquivar de seu grilhão,
ela é o brilhante que enfeita a mão.
E, há quem ao belo nunca se aclima,
mas que a respeite, não a reprima!
Seus temperos melhoram o gosto,
à estrofe pobre serve de encosto...
acende o canto tão indisposto
de quem arqueja em sua vindima...
- Que os parcos ritmos ela redima!
A surpresa que ninguém presume,
de um céu nublado o súbito lume;
da flor descorada ela é o perfume.
Quanto talento ela legitima
quando seu rastro na folha prima!
Quanta harmonia traz seu reflexo
que seu predador deixa perplexo;
ela tem da irmã o meigo amplexo,
e a inspiração escassa ela intima
com seus fervores, com sua esgrima.
Seja ela rica, seja ela pobre
que nunca acabe, que sempre sobre
pois torna o verso esplêndido e nobre!
O altivo poeta a tem acima
de qualquer tormenta que o deprima!
ALEXANDRE CAMPANHOLA - 08/01/2012
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