Tu que, ouves as minhas queixas

que deixas, eu me queixar;

por tuas longas madeixas,

endeixas, vou te prestar.

 

É com carinho que falo

- me calo - não sou audaz!

Eu não sei como enfrentá-lo,

o ralo, d`outro rapaz.

 

Ele tem seus verdes anos,

ufanos, e há de te crer.

Eu me misturei aos profanos,

que enganos, posso inda ter?

 

Devo exigir-lhe um duelo

e o anelo - assim vai se impor?

Mas, eu sou vate singelo,

que gelo, ao seu vão pavor.

 

Quando tu passas contente,

que sente o coração meu?

Uma paixão tão fervente,

o ausente, talvez sou eu!

 

O outro está sempre ao teu lado,

qual gado rente a pastora;

Respira aromas do prado,

enfado, não lhe transpora.

 

Geme em meu peito o Jaó

- sou Jó - que tudo passou.

Grato é quem volta p`ro pó,

que só, não ter a que amou.

 

Homem cioso me chamas,

não me amas? - Vens contar cá...

Quem disse que olho outras damas,

são tramas - não seja má!

 

Proscrito da mocidade,

da idade onde há esperança,

eu não ostento a maldade,

qual frade sou tão criança!

 

Eu só quero em teu abraço

ao passo de amores ternos,

beijar a vida já lasso

- o laço - a nos por eternos!

 

Ser venturoso contigo

que digo se não puder, não?

A culpa é desse inimigo,

amigo? Ele é meu irmão!

 

Vai se supor quem tu votas

anotas - com um beijinho.

Sabe as folhas ignotas,

- já rotas - do caderninho.

 

 

ALEXANDRE CAMPANHOLA - 2004

 

 

Alexandre Campanhola
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