Na volúpia do pecado
Sua alma amortalhada
Nas teias do triste fado
Corre sangue na parada
Da volúpia do pecado
Não enxergava a verdade
Nem via nisso maldade
Agora... tem piedade
Das coisas da tenra idade
Caminhou sem ver a luz
Nas arenas do destino.
Perdoa-lhe o Bom Jesus
Todo aquele desatino
Cantando o fado levou
Sua vida sem velar
Nem por amor me casou
Junto à pedra do altar
C’ as guitarras trinando
Os dias foram passando
Com eles os anos a fio
Nas cordas do seu desvio
Neste livre pensamento
Trina nele, o seu lamento
Que envenenar persiste
O algo bom, qu’inda existe
Neste louco desatino
Carga do próprio destino.
Pergunto qual a razão
De falta de comiseração
Para quem sofre na vida
Dor atroz, da despedida
Suspirando nos anais
Tormentos tão desiguais
Com sua alma sentida
Pelos agrores da partida
Num sentimento tão triste
Da dor que na alma existe
Num sentimento ignoto
Na escala dum terremoto
Elevado ao grau maior
O estrago; é superior !
Vejam o estrago que faz
Nem há amor, nem há paz
Se a volúpia exagerada
Por bem, não for dominada
E se ainda for capaz
Do tombo que o compraz
De erguer a fronte à vida
Terá a alma evoluída !
Entretanto, se assim não for
Pode esperar o pior
Será do fado, a vítima
A recompensa legítima.
São Paulo, 07/10/2013
Armando A. C. Garcia
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