A saudade que sinto

Sinto saudade!
Não aquela saudade que machuca
Até se tornar uma profunda chaga.
A saudade que sinto tem um doce que envenena
E um amargo que embriaga.
 
A minha saudade,
Essa que caracterizo como só minha,
Não dilacera, nem mesmo mata.
Mas causa uma enorme sensação de vazio,
Que começa a torná-la insuportavelmente chata.
 
A saudade que sinto
Envolve-me em reminiscências,
E vai aos poucos me cutucando o coração.
E quanto mais eu lhe afasto,
Como se fosse mosca varejeira,
Mais ela assenta e mais me tira a razão.
 
Então me sinto só, começo a ter pensamentos febris,
Como se minha saudade fosse uma droga
Que estivesse aos poucos me sugando a vida.
E essa saudade é traiçoeira, é ferrenha, é tinhosa,
É aquela saudade que lateja sem ter ferida.
 
Então querido, quando eu disser
Que estou a morrer de saudade,
Não me considere por demasiado exagerada.
Pois o excesso nunca é demais

Para a saudade de uma mulher apaixonada.