Eu queria tanto ser o outro
Aquele que recebe teus beijos, ungidos de desejo
Cobre-te de caricias e possui teu corpo inteiro de delícias
No frenesi do ato, no auge do calor, o chama meu amor
Depois, satisfeita adormece, por instantes me esquece
E, quando a mim retorna aos poucos se transforma
Finge-se alheia, a chama sensual aos poucos bruxuleia
Brinca de bem-me-quer e carinhosamente a chamo de mulher
Quando sai, pé ante pé, pensa-me dormindo
Nem penso impedi-la, de habito sozinho
Na volta pode ser que me faça um carinho
Nesse instante magico remeto-me ao passado
Nossa cama revolta, corpos se encontrando
Cicios, a procura, o achado, a doçura
Os gritos de prazer, nos olhos tanto brilho
As promessas de amor, a esperança de um filho
Uma noite, um conflito, os estampidos
Uma bala perdida, a dor paralisante
Rostos na penumbra, um torpor medonho
Uma metade inerte, um corpo dividido
O fim de lindos sonhos
Não posso sacrificá-la no que resta de sua juventude.
P.S. A amo, e muito.