CANTIGA DAS HORAS

 Por ti choram as horas na espera
Se expulso o calor do verão
E ausentes as flores na primavera
Por onde andarão
As folhas secas do outono?
Num inverno sem o frio
Depois do almoço vem aquele sono
E das moções a encher o rio
Ah... Esse mormaço na hora da sesta
Não dá trégua à calmaria
A natureza faz muita festa
De noite ou de dia
Sozinho um pastor sem as suas ovelhas
Nas árvores... E os passarinhos?
Nas colméias sem o zunir das abelhas
As aves sem os seus ninhos
Queixam-se mais dores
Olha o que descobri!
O ar sem os odores!
Ao abandono, as flores sem o colibri
Peixes descem a correnteza para a desova
Como transita inteira pelo dia
Na comunhão com sol a lua nova
A saudade rodopia
Assim as horas se parecem
Com as cigarras fazendo zizizi
E não se esquecem
Quando os dias passam
Sem ti...