Amigo

Ó corvo! atro vosso leito
é de soluço tão doído,
Que roer sinto eu no peito
Vossa dor de não ter vivido...
Mas gelais já enfim desfeito
No tão mimôso ramo pobre!
Cantastes vosso fim perfeito,
E hoje vosso ai me cobre.

Sede na paz que sois aceito!
Aí na sombra protegído,
Descançai da dor o efeito
Já que da luz sois foragído.
Não vos lamenteis ó eleito,
Eu choro vossa triste morte!
Cantastes vosso fim perfeito
Pois foste de vazia sorte.

Amante do claustro estreito,
Profetizastes já sabido
Da vossa sombra que espreito...
Vede porém,estou falido!
Vinde daí eis meu desejo;
Precisa do lago a corça...
Cantastes vosso fim perfeito
Que a lembrança é já morta?
OFERTÓRIO
Amigo,no mundo perdido
Á vós revelo respeito.
Prantastes vosso fim perfeito
E vosso fruto é colhido