Ato primeiro - Inexistência
Da vida que vivi e que imaginei viver
Quando enfim o despertar na juventude notei
Lembrei-me de um amor que um dia busquei
Na claridade mórbida do silêncio que me tornei
Esse amor, que o desejo transformava em chamas,
E na alma pura dominava ainda a fé de uma criança
Esse amor que o tempo endureceu e estilhaçou-se
Do qual nao restou nem mesmo a sombra de uma esperança
Esse amor que nunca vivi,
E na dor sentida da vida sofri,
Esse amor que queria sentir,
Sem que essa lage fria viesse a intervir
Esse amor que nunca existiu,
E que negou-me o direito de queimar-me nessa chama
Desse amor que consome a esperança, e grita
Que sem amor, nunca de fato existi nesse drama
Ato segundo - Presença
Esse sentimento, que se conserva no intimo
No infinito vazio de nos dois, e que preenche
De sonhos e presenças, olhares e ausências
O amor que é magia, em sua intima essência
Na presença, contida na eternidade desse amor
Vela os segundos que a distancia permeia
Numa crescente e insuportável saudade
Numa interminável e longa vontade que me incendeia
Esse amor, que atravessa o tempo
E que de vida em vida, se faz presente novamente
Na nostálgica saudade ou na adorável presença
E faz longa a vida e curta a existência
Meu amor, que na verdade é teu
Que é maior que a distância e o tempo
Que se faz contente, mesmo ausente
E que se entrega ardente aos braços teus
Ato Terceiro - Saudade
De nosso amor restou a saudade
Infinita e calma como a distância
Levando-me os sonhos, que não pude sonhar
Trazendo-me lembranças que ainda quero provar
Na memoria, guardo as lembranças
Do amor que um dia amei
Fotos de uma paixão que sonhei
E lagrimas de um amor que chorei
E dia a dia, e de lembrança a lembrança,
Deixo-me levar pelo que me resta de esperança
Como uma criança que ainda não sabe
Que viver sozinho é uma dor que não descansa
Saudade e lembrança, que triste aliança
Fere profundamente a alma e abala a esperança
De um dia novamente viver o mesmo amor da lembrança
Numa nova eternidade e uma nova infância