Eu canto à vida, amo minha pouca saúde
no limite supremo de minha embriaguez.
Machuco as cordas do meu alaúde...
Aqui sou companheiro e a vida não tem vez!
Sinto as brumas da madrugada em minha tez,
o vento frio rumoreja no escuro ceú.
Vejo na lousa o nome de um prisco francês
e está feliz da vida, também, já morreu!
Não me espanto com uma árvore neste breu,
mesmo que seja pavorosa e apodrecida;
nem com o aroma - perfume de quem jazeu -
tampouco com sua imagem: falta de vida!
Não consigo temer nada... foi a bebida.
A turba me olha atenta... atonia de cruz.
É nobre e bela a lousa de minha querida,
nem a lua nesta jardim emite luz!
Às vezes, embebo as brumas, os peitos nus...
Na triste vida sempre fui um renegado.
A única mão `stendida - foi a de Jesus -
espero muito que um dia eu seja perdoado!
Sou atroz, creio que padecerei calado;
O vinho já não tenho, a saúde também!
Nesta vida estive sempre ébrio e sepultado...
e, triste, não fui visitado por ninguém!