Ali está o corpo do ateu,
Todo bem arrumado, mas sem saber pra onde ir.
Sem deixar de idolatrar o mundo em que viveu
Perdido nos caminhos céticos que precisa partir.
E continua no mundo que perdeu,
Acreditando ali ficar com seus restos perecer.
Que quando estava grato a ninguém agradeceu,
E que agora ali parado, já não sabe o que fazer.
Ali está o tão crente de si,
Que não foi ateu o bastante para poder acreditar
Que a vida não se decompõe como ele está ali
Inerte, mesmo antes de ter entrado neste altar.
E convicto no dilema seu,
Permanece ali junto aos que choram sua saudade
Em volta do seu corpo frio no sepulcro que o acedeu
Com velas, choros e orações sem qualquer finalidade.