Mentira tem perna curta,
Papo furado de que há mentiroso bem intencionado.
Ele sempre tirará alguma vantagem para si,
E normalmente esta se faz em prejuízo aos outros.
Mentir é querer ser mais do que se é.
É imaginar que se está no meio de tolos.
É desrespeitar a inteligência alheia,
Pensando que meia dúzia de palavras doces,
É suficiente para fazer os demais de abobados.
Mentir pode ser descaradamente,
Ou pode se utilizar algum artifício,
Mas se o mentiroso soubesse o quanto ele é ridículo,
Ele pensaria duas vezes antes de achar-se.
Não ficaria a perturbar os outros,
Pois que a verdadeira conquista sempre tem mérito,
E não burla as regras apenas para aparecer de forma indevida.
O problema é que a mentira é endêmica,
Desconstrói ambientes ao produzir outras mentiras.
Pode achar que não se sabe a quem contribui,
Mas o mentiroso acha que é para ele.
Pobre infeliz, pensando-se ser o mágico,
Será sempre o palhaço sem graça.
Afinal ele não faz humor,
Apenas quer ser mais que os outros.
Há biografias admiráveis construídas por dignidade.
Outras onde o único leitor será o próprio autor.
Mas enfim, temos algo a agradecer ao mentiroso,
Ele sempre haverá de testar a nossa tolerância,
E se a gente pensar bem é digno até de compaixão,
Pois é um infeliz consigo,
Que precisa recriar-se,
E não se basta,
E quer o olhar dos outros,
Infelizmente não pela conquista,
Mas ludibriando, enganando.
Nunca terá amigos,
Quando muito compartilhará interesses.
Mas neste mundo de espertos,
Terá a grande ilusão de enganar a todos.
E então a compaixão será insuficiente,
Pois por tamanho ridículo,
Só se restará o penalizar
De quem conseguir perceber
O quanto foi incauto.
E o desprezo dos que um dia
Imaginaram ser digno de respeito.
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