Com sorrisos grotesmos nos apiedamos:
O corpo desamado do tempo, -
É tudo que sobrou -
Que usou-me e cuspiu sem piedade.
Agora alma velha em corpo velho.
Serão de memórias que viverei
Indiferente ou não das descepções e entusiasmos.
Por mais cansado que o corpo esteje,
Dói-me mais pensar
Que continuar a dor de cansar o corpo.
Indiferente do inferno ou Éden,
Ver minha cama: meu sepulcro, meu portal inacabado
Mas conservando-lhes o mesmo medo.
Perante a euforia dos dias e noites
Sou um pobre ser apenas.
Bom é ter um passado então
E ver tudo com o mesmo sorriso ridículo
Perante os diferentes quadros da tristeza
Antes que a vida se decida por sí própria
O meu novo lugar com a morte.