Ocaso de domingo
Estranha vontade de clausura
Estranha vontade de nada
Encosto na maçaneta
E tenho náuseas
As pernas bambeiam
Volto para a cama
Uma música suave
A esquerda uma luz
Que se apaga
No ar um cinza
Que vai escurecendo
As piscadas se tornam
Mais longas e um vento
Frio percorre meu corpo
Com medo me refúgio
Atrás de minhas pálpebras
Quando me sinto seguro
Saio de traz delas
E já está tudo claro
E eu atrasado para o trabalho
Meio dia de segunda-feira
Ir para a rua
Vendo os carros correr
Olhar para o alto
Ser multado
Deitar no asfalto
Escutar a estanha
Música do Progresso
Sentir-se Alheio
Sentir-se além
Sentir-se no além
Desligado e atordoado
Trajetória confusa
Saber que é duro
Dar uma gota de sentido
Enquadrar para ser
Entra na procissão
Fazer a oração
Mergulhar e lutar
Para não se afogar
Tentar brilhar na escuridão
Deste tempo das luzes.