( CENA 4 – diante à mesa do delegado)
- Antonio Francisco da Silva ?
Sim, doutor, sou eu...
(Delegado) Você estava naquele coletivo da madrugada onde dois homens, o motorista e o cobrador, foram assassinados, não é ?
- Estava sim, senhor...
(delegado) – Encontrava-se preso na catraca,não é ?
- Sim senhor...
- Por que não fugiu com o povo ?
- Pedi ao cobrador para me deixar passar, vi que havia esquecido uma moeda e o dinheiro não dava para a passagem...depois começou uma confusão, os tiros, a correria, fiquei entalado sem ter condições de me levantar...
(delegado, abrindo uma gaveta) – Isso lhe pertence ?
- Sim senhor, é a minha marmita, escrevi o nome no fundo dela porque na obra às vezes não tinha armário para guardar e evitava que um peão comesse a comida do outro...
(delegado) – Pois você deve muito a esta marmita, seu atestado de idoneidade... provou que estava a trabalho.
... com a prisão de 2 assassinos e a morte de 1 deles, ficou comprovado que não há nada que o comprometa nesse caso... o senhor está livre, pode pegar as suas coisas...
(Antonio) – Doutor delegado, poderia me fazer um empréstimo ?
(delegado) – Empréstimo ?
(Antonio) – Sim senhor, para completar a condução de volta, faltam R$ 0,25 centavos...
(tirando uma moeda) – Pode ficar com esta...vá em paz !
( Antonio) - Doutor ?
(Delegado) – Mais algum pedido ?
(Antonio) – Seu troco, o senhor me deu R$ 0,50 e eu preciso só de R$ 0,25
( CAI A LUZ) ( cena 5, no barraco)
( Antonio, extasiado) – Deus meu, ainda bem que a chuva não chegou antes de mim e posso fechar a janela que deixei aberta, obrigado Meu Pai Amado...
( liga a pequena TV de 14 polegadas, abre a marmita e começa a comer assistindo o noticiário);
"Presos 2 assaltantes e morto um deles que resistiu à prisão pelo assalto ao ônibus da linha 333 onde morreram o motorista e o cobrador na madrugada de hoje..."
FIM