Somente o ódio liberta dois amantes
Se as veias não mais dividem o pulso,
O laço desata e um peito convulso
Já não aviva mais brasa como antes.
De repente, naquele olhar distante,
Fia-se parca esperança, um impulso,
De que o abjeto grilhão do sangue expulso
É cinza inerte, e se pode ir adiante.
E ao sentir novamente o céu por perto,
Replica o coração pela virtude,
A dor não conta, nem sequer importa.
O ardor no peito que desponta certo
Surpreende-se e sufoca-se amiúde:
O velho vil amor lhe bate à porta.