LIÇÃO DO AMOR

 
 
Engana-se quem, ingênuo, imagina
Que para o amor basta o coração,
Em riste extremo, em dilaceração,
Teima da alma que nunca se amofina.
 
Logo a desgraça breve descortina,
Árida de zelos, rica em lição,
Areia movediça, via de uma mão:
Dano infinito traduzido em sina.
 
O flébil amor entregue no embrulho,
Envolto em sedas por bem mãos cuidadas,
Solta vincos no ânimo qual vergasta,
 
Pois embebe-se na taça do orgulho;
E na vertigem vai a ânsia açodada,
Sobra o ácido que silente desgasta.