Atraída pelo mar
Num painel de muitas cores
Vi baleias, vi horrores
Entre os bravos pescadores.
No arrastão estava a fome
Rodeando os peregrinos
E aqueles pobres meninos
Sem pai, sem mãe, sem amor.
Pássaros pretos voavam
Procurando o acalanto
Que entre tantos encantos
Certamente alí estava.
De repente o corpo esbelto
Bailara por sobre a areia
Contradizia o cenário
Da mais cruel realeza.
Defrontei-me com o farol
Que luzitava no infinito
Guiando os alegres gritos
Dos guerreiros que ancoravam.
Ao londe pedras escarpadas
Mostravam um sonoro ninho
Sedento berço de amores
O majetoso "tourinho".
No crepúsculo da manhã
Ouvi o cântico das aves
E na matriz repicava
Insolúvel e sereno dobrado.
Via tudo o que sonhara
Na barra que o rio cortara
A água salgada envolvendo
Tão doce e eterna amada.
Meu destino de pirata
Fez-me ver tesouros e mapas
Onde alí pescavam
Sonhadores de garrafas.