Hoje, senti saudades de você...
Ei !!!... Mas, eu não vim aqui para repetir aquela mesmice de sempre. Até porque a minha saudade... não é aquela saudade do “homem”, nem da virtualidade, nem tão pouco dos poucos momentos reais que ensaiamos. Não, não é isso!!!. Acredite!.
Senti saudade de um amigo. Alguém com quem eu pudesse pensar em voz alta... esperar ansiosa por uma presença ou mesmo por uma mensagem e que me fizesse vibrar ou tornar especial o meu dia.
Amigos, assim..., como você foi, nunca mais insurgiram-se nos meus dias.
E não falo daquela “projeção” pela qual um dia nos julgamos apaixonados. O amigo que hoje, sinto falta, podia nem ser você, entende? Bastava que fosse alguém como você: inteligente (coisa rara), perspicaz, sempre com uma resposta pronta diante dos meus porquês... com aquele respeito pelas minhas posturas imaturas, que através de um código silencioso,... jamais ultrapassasse barreiras e que me entendesse através de gestos,... ou atitudes outras, nas quais fossem percebidos todos os espaços que podiam ser invadidos, sem nenhuma explicação prévia.
Ah! também não pense que estou “curtindo” uma fossa “atrasada repentina” e que minha vida presente está tão vazia que precisei rebuscar restos do passado para lembrar que existi. Também, não é isso. Acho que deve ser porque, nas entrelinhas da vida, VOCÊ foi a única interrogação para a qual eu nunca encontrei resposta.
E ficava, e fico, a me perguntar? O que fizemos do nosso racional? Porque não retivemos nada que justificasse continuarmos amigos? O que de tão grotesco poderia ter acontecido a ponto de transformarmos tanta afinidade em coisa nenhuma? Será que você não foi tudo aquilo que eu pensava existir? Ou será que nunca mais encontrei nenhum amigo especial, porque nem mesmo você era da forma como idealizei na minha imaginação?
Às vezes acho que tudo aconteceu assim, porque você surgiu na minha vida, sem mais nem menos, num desses encontros que o destino marca e a gente, sem sentir... sem saber... acaba comparecendo pontualmente. E na minha vulnerabilidade permiti..., num daqueles dias em que procuramos um ponto imaginário, que a gente sempre inventa, para driblar os pensamentos e desviar recordações.
Salvei todos os teus e-mails e coloquei numa pasta especial, escondida entre mil arquivos, como quem guarda uma caixa, atrás da porta de um quartinho lá nos fundos. Era ali que eles deviam ficar até o dia de "enterrar" tudo sem vontade de abrir para lembrar de nada. E enterrei.
Porém, agora, de repente, um alerta interior acionou a memória virtual onde você adormeceu. Que bom seria reencontrar você, saber de você, que ainda somos amigos, que nos queremos bem. Que bom acordar a saudade adormecida há muito, mesmo eletronicamente, mesmo com essa sensação de virtualidade, onde só a imaginação tem acesso, mesmo que seja por algo que não está ao alcance dos nossos desejos, mas que um dia preencheu espaços em conversas alegres, descompromissadas e sem as expectativas de intenções com subterfúgios.
Talvez você nunca mais tenha pensado em mim, mas me ajudou bastante a transformar muitos dias ruins numa coisa muito boa. Obrigada! Foi melhor esse lapso de coisa nenhuma que a lembrança de fantasias e ilusões.
Por algum tempo cheguei a pensar que todo o meu passado tivesse sido apagado da minha memória e que a minha vida fosse começar do zero. Pura ilusão!. Havia um monte de anos repletos de dias, manhãs, tardes e noites, cheio de recordações, pontilhadas de arrependimentos, de frustrações, de medos e de algumas covardias pela falta de coragem de ter mudado tudo, e não mudei absolutamente nada.
Olho para trás e tremo de vergonha por conta de uma chuva fina que transformei em tempestade e varreu meus sentimentos com a força de um furacão e a violência de um tornado.
Depois da tempestade que inventei um dia havia um monte de esperança e novos caminhos. E compreenda que não vim aqui encher esse espaço com tergiversações inócuas ou com a dificuldade de emoções que permeiam as mentes vazias.
Mesmo experimentando a mesmice do nada absoluto que restou, hoje, estou aqui, apenas, remexendo a gaveta onde dormem os capítulos de um livro inacabado e, principalmente, para ratificar a minha amizade, o meu respeito, a minha admiração e dizer que guardei de você as boas lembranças, as boas passagens e por isso... vez por outra, me pego fazendo essas mudas interpelações e assumindo respostas oportunas, rememorando cada dia de um tempo já longe, quando fui feliz e corajosa, mesmo consciente que, por um lapso de tempo, perderia o caminho de volta para mim mesma.