Minha dor era no dente e
agora foi pra cabeça. Tentei fugir de casa,
de todo o hoje, e não é
com uma casa, que
acabo sonhando?
Casa escura, de
gente velha e boa de vista;
Casa (sem) corrimão,
de gente velha e boa dos ossos;
Casa escura, com menina escura
que com frescura
do escuro tem medo: Que faço eu
com esse negócio de fantasma aí,
que tu disse? (eu disse,
fantasma não existe. Se você olhar um objeto e
nele faltar um
pedaço,
teu cérebro o completa com outro
pedaço; é assim que tu
distorce o objeto,
enxergando nele o que não existe)
Alma escura, velho sabido
com vida toda em
pedaços
Isso que um sonho me ditou
é a mais pura
realidade.
E eis que vem a dor, um
feliz ano novo,
pílulas em pedaço,
outras por inteiro: essas, pro meu sono
voltar
Aí! que dor no dente. Por sorte, ou
por ordem do velho da montanha,
de velho pra velho (risos),
não me veio
mais outra dor
A cabeça está passando! e à cama
retornando,
pra que tudo acabe como bem iniciou