Logo eu?

 
Logo eu?
 
Que havia jurado
a Deus e a mim mesma
não mais me apaixonar ...
Trazer o coração trancado,
jogar as chaves pro outro lado...
Eu, que o havia esvaziado,
deixei-me de novo enganar...
 
Volto a chorar, lamentar...
As velhas lamúrias do amor
que “Quando se vai, deixa a dor.”
Antigo bordão dos apaixonados
que exultam por serem logrados,
masoquistas e conformados
que de sadismo velado,
do desamor ultrapassado
fazem seu itinerário...
 
Dissabor, dor, abandono,
Injúria e desengano...
Esses velhos clichês desgastados
deveriam ser superados,
afogados no mar de lágrimas
dos inocentes exasperados.
 
Logo eu?
 
(Carmen Lúcia)