Toda mulher quer ser musa,
pois que quer inspirar,
quer brincar de ser lua e estrela.
Quer, mesmo sem saber,
fazer com que os olhos masculinos
se elevem para os mistérios do céu.
Toda mulher tem sua parcela divina.
Toda mulher tem pacto em ser bela,
basta encontrar os olhos que a veem.
Toda mulher é musa indivisível de alguém,
porém há que ser sempre
tão concreta como etérea,
ter um segredo para desvendar,
ter um mistério em seu amor
que seu poeta finge não desvendar,
pois não quer, pois que não sabe,
pois aprecia seus ares de deusa.
A desejaria sempre jovem,
não por temer a velhice,
mas para poder
ele próprio sentir a graça da vida,
no esplendor de suas feições,
na graça dos seus gestos.
Daí, então, o segredo do olhar,
do perfil feminil,
da alma que vai no corpo.
Por isso desejá-la como que eterna,
pois que o efêmero é rápido demais,
não dá tempo suficiente para descobrir,
e talvez nunca haverá.
Pois no mistério está a graça,
o lado divino que transforma
mulher em ninfa, ninfa em musa,
e musa novamente em mulher,
para ser sempre lua
de alguém que a ame.
Para estar no céu,
junto às constelações.
Para brilhar para si,
e inspirar os olhos dos poetas.