POETA ALUCINADO

No céu, do meu azul particular

nas águas claras do meu turvo pensar

no fogo ardente do meu desânimo do mundo

bem amado, idolatrado desprezo tudo num segundo.

Quando quero, não quero mais, o meu desejo é tão fugaz

o campeão de falsos bens , como ninguém

Gozo de dor, da irreverência que o meu verso traz

não esquentando o meu lugar, num imóvel vai e vem

A santa meretriz que vive no meu coração

sem arrependimento chora, redimida pela transgressão

Ela debocha e escarnesse com sublime delicadeza

de quem comigo se deite , acreditando ser princesa.

Minha cara de bom moço, meu semblante intimidado

meu despudor comportado de devassa santidade

sou um falso verdadeiro, cavalheiro depravado

sou de qualquer planeta , o mundo é minha cidade.

De tanto me safar de tudo, sou liberto prisioneiro

humilde, pretensioso, respeitoso e zombeteiro

faço canções para sobreviver à minha anônima identidade

sou um bobo da sua corte , um poeta alucinado.

 


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