A poesia dorme nas nuvens,
num dia sem sol
Enclausurada no tempo frio
Se espreguiça
Presa no abismo do vazio
Da estação cinzenta
Manhãs de frio
Tardes congeladas
Nublado insistente
Uma cor sem cor
O andar sem rumo
Mãos e luvas
Suplicam pela chegada da noite
Dia escuro
Noite clara
A névoa se alastra
Fumaças oníricas
invadem o horizonte
desce a noite
sem pressa
como descem as cortinas
dos teatros...
levemente maliciosas
Vermelho sedutor
Instintos à espreita
O charme da cantina
Conhaque, vinhos e licores
Velas acesas
Falsos amores
Paixões sem sabor
Cartas sobre a mesa
Espelhos distorcidos
Refletem a vida
Mascarada tristeza
Existência camuflada,
se esconde
Surgem os vapores
Cheios de inspiração
Meus poetas se soltam
Vagam na noite
No azul noite da boemia
As letras brindam, com teimosia
Fantasia e realidade se mesclam
Nos matizes da dança das idéias
Onde os versos nascem,
crescem e cantam ...
são sons de esperança
que na madrugada definham
e ao raiar do dia desaparecem
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