Sacrilégio

 
Vida, tua prescrição é um arcano,
De inexplicáveis sensações,
Já não me cabe mais desvendá-la,
Sou clandestino nas suas pretensões.
 
Despojado das minhas ilusões
Faço um esforço sobre humano,
Para compreender suas razões,
Seus motivos de cunho tão tirano,
 
O meu destino você decretou,
Sacramentando o meu calvário.
Os meus sonhos você crucificou,
No negro lenho do meu imaginário.
 
Sigo dedilhando o meu rosário
Na fila indiana dos sofredores
Do purgatório serei um destinatário,
Pro inferno irão só os pecadores.
 
“Vida e seus mistérios,
do cálice doce,
aos meandros do sacrilégio”.