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EDILOY A C FERRARO

EDILOY A C FERRARO

Olá, muito bem lembrado este período negro, truculento de nossa história recente... escrevi estes versos, tempos atrás, com este tema:

TEMPOS DE IRA

o falar silenciado e palavras controladas
análise das canções mensagens cifradas
entremeio das notícias e falas truncadas

texto escrito relido reflexivo contido
dos sussurros de prisões hediondas
vivia-se espremia-se desconfiava-se

salas de aulas nada além das matérias
nos incultiam maravilhas verde-amarelas
disciplinas mantra da subserviência

greve anomalia social passível de subversão
generais e vozes pastosas olivas uniformes
paradas militares dias cívicos e obrigatórios

assim seguia meu País sob baionetas e fuzis
gerações atrofiadas silenciadas bestializadas
nos bancos escolares o bê a bá das censuras

realidades fabricadas manietada a imprensa
artistas,operários,marias,josés,putas, todos
viviam sob o guante da força bruta instalada

pouco se falava menos se escrevia
ruas casas teatros bares e escolas
medo nos dominava e enceguecia

se alguém soube demais ousou dizer
ninguém mais sabia aonde ele estava
e tudo era medonho tristonho militar

livros duplas capas
ocultos e suspeitos
leituras e segredos

terríveis hipocrísias funestos tempos ira
a nação esvaía-se esbaldava falsa moral
orgias e saques (c)omissões consentidas

sejam sepultados tiranos de todas as épocas
no estrito cumprimento de suas atrocidades
negam justiça,alheios à paz aniquilam vidas...


Parabéns pela lembrança, sempre tão triste mas necessária.

Daniel Rosa

Daniel Rosa

Interessante, nunca havia lido um poema sobre tão repugnante período do Brasil. Valeu mostrar a cara porque é a verdade.Parabéns!

Eng.Rubemar

Eng.Rubemar

Eu tinha que fazer, tinha que escrever. Tenho remotas lembranças de alguém ( muitos ) , vivendo no anonimato;outra se queixando de ter sido circuncidada com torquês; um professor de francês, por falar lingua estranha, usava o cabelo grande de uma promessa que fizera, foi humilhado, exposto ao ridículo em praça pública, cortaram-no o cabelo, o povo olhando, olhando como as gazelas thompson olham o leão devorar um semelhante, sem que pudessem fazer algo.
Ninguém pra defendê-lo. Casas invadidas; lares destruidos,
ninguém pra defender. Os homens de quepes faziam o que queriam, o povo caladinho, miudinho, apenas passivo dos lobos vorazes. Nossos herois viviam no anonimato, os descobertos eram torturados, depois sumiam pra nunca mais.

Poeta cibernético

Poeta cibernético

Ato Institucional nº 5... o fim das liberdades individuais, a mordaça, o fechamento do Congresso Nacional... Abreviado, resulta AI, que nos remete a uma manifestação de dor e grito de desabafo. Penumbra e sombra num triste momento de nossa História! Marcou toda uma geração.

Anos de "Chumbo" que marcaram com sangue inocente a saga de um bando de covardes que tomaram o poder mas não tomaram o povo que reagiu e lutou contra eles. O seu texto ainda é oportuno no sentido de fazer com que nunca nos esqueçamos daqueles dias sombrios. Meus sinceros aplausos.

J.A.Botacini.

Zezinho, sempre militando pela democracia.

Escrever sobre o Brasil é falar aos corações que ainda creem neste país, como o meu. Parabéns!