Crepitação (soneto)

O sabor dos lábios que nunca beijei,
Posso senti-los na minha imaginação
Pelos caminhos por onde ti procurei
Só ficaram rastros da minha desilusão.
 
Fragmentos de sonhos quando acordei,
Reviveram veredas vazias de emoção.
Tudo o que restou daquilo que imaginei,
Foi o fogo crepitando meu coração.
 
Coração descalço sobre cinzas e carvão,
Sob o negrume das noites enfadonhas,
Devorando-me como a fúria de um vulcão.
 
Meus desejos amotinaram minha razão,
As minhas noites ficaram mais tristonhas,
Arrefecendo as lavas ardentes da paixão.