FILHO PRÓDIGO

 

se me entregar ao Teu porto
seguro, amável, encantado,
deixo o humano pelo Divino
meu barco perderá sentido
na falta de rumo em que se lança
e minhas dúvidas acalentadas,
razões de aflitos cultuados,
serão debaldes meus escritos,´
anêmicos de motivos, que não seja
a louvação de Seu nome a que me
reservo em orações...

mas, blâsfemo, insisto em inquirir
das coisas, omisso como Pedro
antes do cantar do galo,
em torvelinhos angustiantes
nego o regaço fraterno e certo
pelos mares bravios em ondas indômitas
que me fazem sofrer, mas não me deixam
confortável, e, assim, teimoso, visito zonas
perigosas, pondo-me desnudo diante a este
universo imenso, infinito, de um filho renegado
que insiste na aventura  à volta aos braços
de um Pai venturoso que o espera...

lanço-me, em cismas, em buscas intermináveis,
quimérico como Quixote em seus moinhos de ventos
curto a sensação de um náufrago à deriva, mente oscila
entre extremos com suas crises e lamentos,
colho versos quebrados, sem rimas,
como quem espera aplausos para sua vaidade insana

recuso meu regresso Te renegando, e Te venero em minhas preces,
me espere, na sua imensa paciência, este filho desnaturado,
deslumbrado com as incertezas profanas que produzem as reflexões
e se nega a entregar os pontos e vaga ao léu como um órfão descrente...