Parceiros do infortúnio.

 
Quero ti confessar meu amigo
Que só há pedras em meu caminho,
Viver só, já não consigo...
Tenho a solidão das ruas como abrigo
E o desprezo mortal como vizinho,
.
Não quero passar mais esta vergonha
Por viver feito um farrapo humano
Hoje minha vida é triste e enfadonha,
Repouso sob o frio do desengano
Usando um jornal como fronha.
 
Amigo eu também fui desprezado
E abraçado pelas malhas da solidão
Hoje tenho o peito amargurado
Vivo remoendo a dor da desilusão
Por me sentir um pobre fracassado.
 
Nós dois temos o mesmo destino
Dividimos a dor e um pedaço de pão.
Nossas vidas sofrem um vil desatino
Nosso lar foi deposto e jogado ao chão,
Pelo mesmo impiedoso e frio coração.