Andando pela rua de repente
Vejo alguém deitado sob a marquise
Cuidando – se antes que alguém o pise
Porque ali é passagem de gente.
Olho pra aquele ser ali sozinho
Que com tristeza olha para mim
Com gestos me pede algo enfim
Ignoro – o e sigo meu caminho.
Pobre criatura, só quer viver
Mas não lhe socorrem, e ela continua
Não tem um copo d'água pra beber.
Quando voltei, vim pela mesma rua
Pensei naquela pessoa socorrer
Mas já estava morta e quase nua.
(Christiano Nunes)