Já que não estou sonhando, eu, escrevo para os mortos.

Eu que agora escrevo para os mortos!
Que mando cartas para pessoas que nem existem,
E quando existem não pesam.
Eu que aprendi que os verdadeiros lideres,
Prezam mais o homem que o império.
Que cada homem é um país, porque o homem pesa!
Sem a vontade humana um império não passa de casca,
Uma casca sem substancia uma fruta oca.
Não pesa é leve, leve...

Eu, que a pouco aprendi,
Que a arvore transforma terra em flores.
Que uma arvore não cria inimigos,
Não cria a guerra nem a paz.
E mesmo assim a arvore pesa.
Só que pesa apenas para um lado.

Eu que agora escrevo...
Como a criança que espera o Papai Noel.
A espera de seu presente...
Mas eu não sou mais criança!
Eu fico a espera da magia. Da mágica do natal.
Essa sim embala a minha criança.
Essa imensa magia que é a substancia do homem.
E o presente é a materialização de toda esperança,
Que é depositada no homem, só isso.
Apenas o homem pode salvar o próprio homem.

Mas também igual uma criança, eu,
Ao descobrir que foi tudo uma farsa.
Que foi tudo um truque.
Convenso-me de que não existe magia,
Apenas truques.
“Imagina, um dia, acreditar que não existe magia!”
Só que truques não pesam após serem revelados.
Não pesam mais!
O truque é a matéria sem a sua substancia, é fútil.

No sonho já não!
No sonho truque é sinônimo de magia.
Mas como não estou sonhando, eu,
Escrevo para os mortos.