Nestes próximos dias seguintes
quão vazio e branco será este ambiente!
E sem melodia o meu recinto,
não fosse a pulsação da saudade latente.
Tão íngreme será o aclive
de meus olhos
além da mesa!
Só a opaca tristeza
transcendendo dos meus poros
a felicidade que eu tive.
Será este lugar uma vaguidão
e o tempo, feito um ser manco,
passará n’uma irritante lentidão
e retardará o regresso de quem se ama tanto.
Quisera eu ser dotado de auspícios
neste momento em que estás ausente
para, além do espelho transparente,
observar teus sonhos furtivos.
De tudo isso, não obstante,
ora invade-me fascínio, ora medo.
Portanto, ajuda-me a guardar segredo
desta coisa prazerosa e pecante.
12/12/2002