Sentado na esquina do mundo
sobre um banquinho sem encosto
eu pintei o teu retrato
na folha de um guardanapo,
que de tão real, eu o confundo
com os póros de teu rosto!
o teu retrato rasgou as fibras
do guardanapo de papel
e desnudou-se sob as luzes deste bordel
onde a ilusão rebusca minha vida.
Aquém das cortinas de minha mente
o teu retrato virou persona non grata
que, furtiva, me beija a ponta do nariz.
E já tarde da noite, confunde-me o consciente,
e rouba-me o contentamento e o ar da sala
dentro de mim incurável cicatriz.
O sorriso escancarado
de teu retrato rabiscado
na folha de guardanapo...