tem um poema imundo
posto ali
no canto sujo da calçada
avulso e improcedente,
em papel desfigurado
um poema desconsolo
num tato tardio
no peito de alguém que partiu
a poucas horas atrás
daí,
um poema imundo e impreciso
sujeito a qualquer outro sentido
que o encaixe n’outra estória
ou n’outro contexto
como poema reciclado
como poema musicado
ou que vire lixo
um poema nunca morre
e não tem fim
quando vive
por teus próprios meios