Doi mais em mim.




 
 

 
 



 


Dói mais em mim.


Mais dói em mim,
do que em vocês,
a reprimenda,
que eu sei, veraz
e que na hora
que é oportuna.
Mas, mesmo assim,
se instala em mim
uma contenda
entre o que eu sei
e os descaminhos
da fortuna.


Que lhes parecem
radiosos.
Coriscantes.
Prenhes de luz.
E a refrescar-lhes
as veredas
ventos amigos,
conduzindo
navegantes
por estes mares
de ondas mansas,
mas tão tredas.


Ah! Como dói
o coração
dilacerado,
entre o falar
e o não dizer.
Tão dividido
que estremunhado
quer se calar
em desencanto.


Mas me não cabe
silenciar e,
amargurado,
vou-me aos conselhos
e de mim
já tão perdido
Pago este preço
por amar
e amar tanto.