Segredos do baú dourado

Segredos, 

Eu os trago num pequeno baú dourado

Bem guardados

Para que não sejam propalados

 

Que não sejam adúlteros os meus lábios

Em pronunciá-los

Que não se precipitem os meus olhos

A publicá-los

 

Segredos,

Eu os sei inteiros

Tão obsoletos quanta a campânula

Em que os vejo presos

 

É na tinta brilhante que escorre da caneta

Que lanço sobre a folha alva

Em dose incerta

Vestígios dos meus segredos

 

Mexo e remexo o baú dourado

Na salivante expectativa de que eles despertem

E com um desejo de voar intensificado

Adquiram asas e, voando, se desintegrem

 

Ou então, que saiam pela porta entreaberta

Sigam rumo à vida ( ou ao que restou dela)

Talvez, transfigurados em borboletas coloridas

Que voam sem amarras, sem o olhar da sentinela

 

                                    * Úrsula Maia *
 

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