MARCHA FÚNEBRE

Quando se desfez
O último imenso cogumelo!
E apagou-se o ventre de chamas,
Que o havia gerado...
Apagou-se com ele,
O ruído da humanidade!
O canto singelo do povo...
O hino dos soldados,
A voz argentina das mulheres,
A voz doce das crianças...
O canto dos pássaros,
O ruído das fábricas...
Não se ouvia a ferramenta,
Ritmada,
Cavoucando o solo,
Para plantar, criar.
Somente o vente a zurzir!
Levando pelo mundo aa fora,
Isótopos radioativos...
Caia uma chuva fina...
Miúda e fria,
Sobre o solo crestado,
Levantando nuvens de vapor...
Sobre as ervas estorricadas,
E das fendas imensas...
Para o ar cinzento,
Ergueu-se terrível,
O silêncio dos mortos,
Qual imensa praga,
Enorme maldição...
Ao som do qual marchavam,
Os mortos de todas as guerras.
Com suas carnes rasgadas...
Seus membros mutilados,
Queimados pelos lança chamas.
Erguendo-se aqui, ali,
Das Termópilas,
De Crecy, de Berezina,
De Batan, Stalingrado...
Saíam do seio do mar...
Traziam todos no olhar,
A última interrogação,
Que os vira morrer:
-Será esta a última guerra?
Onde nos levará a loucura,
A ambição?
Morri por uma causa justa?
Foi minha morte em vão?
Nem o vento, nem os comandantes,
Ninguém, nenhuma resposta...
Indiferente ao vento e as visões,
O primeiro líquen,
Iniciava o milagre,
Da geração espontânea,
E procurava
Uma forma mais completa,
Dentro do ciclo,
Maravilhoso da vida!

1962/05/0