Vencido

a noite se aproxima e com ela uma voz clamante,

em meu peito recordações agora estilhaçadas ao tempo,

maldita víbora insolvente o tempo que me rasga

deixa para traz o sonho e a loucura inconsequênte

de um sorriso em páginas viradas

tão desiludida e sagaz, tão efêmera e fulgaz

não me permitirei falar de amores atrozes

nem da incandecência de um último beijo

apenas relembro o romance que se encrosta no peito

a veracidade do amor recôndito, mas não plausível

a desarmar milhas de sofreguidão num oceano de lágrimas

tingidas ao vento

quisera eu, amado conquistado, rever os meus conceitos

o que seria pra mim o mais importante

o objeto ou o desejo?

nesse momento não posso definir

a infâmia que desalojou os meus medos

do partir, trilhar que agora acende ao céu

quisera eu, amante desalmado, vencer minha guerra

que tenho por dentro,

e poder apenas ver-me vencido pelo que mais estimo

a dormência de um amor.