Deixarei alguma poesia

Quando eu morrer
Não quero velas e nem flores
Não quero lamento ou pranto
Não quero as lágrimas dos meus amores
Não quero expressões de espanto
Não quero abraçado ao meu corpo
Inerte e glacial
Quem me queira tanto

Se já tiver me ausentado daqui
Importa que vivi
Não que morri
Importa como o mundo
Eu encontrei
E o que no mundo
Eu deixei
O que na vida eu plantei
E germinou
Criou raiz, perpetuou
Entre as poucas delícias
Que posso deixar
Deixarei versos
Alguma poesia
Para aos meus amores presentear
Com carinho e muita alegria
Até a porta atrás de mim se fechar

 

                                        Úrsula Avner