Meretriz

Às Voluntárias da Pátria

Vestida de sonhos
despida de vida
segue em desatino
pela avenida.
De um lado a outro
deste quarteirão
vendendo prazeres
comprando aflição.
Na triste disputa
de vencer o tempo
troca o alheio desejo
pelo seu sofrimento.
No dia-a-dia...
vai se consumindo
explorada e usada
vê seus sonhos ruíndo.
É a meretriz
da boca do lixo
menina-mulher
perdeu seus caprichos...
Leva qualquer homem
à sua intimidade
tentando comprar
sua liberdade...
que mais distancia
quanto mais passam os dias.
E só o que lhe resta...
é mais uma vez,
a fria avenida...
a triste amargura,
e a madrugada.
o sereno e a brisa,
um coração solitário
e o chão da calçada.