Ainda lembro daqueles dias
De quando cuspi insultos no Senhor
Vil pecador em atos de covardia.
Mas, de suas feridas sangrava apenas amor.
Soberbo, eu estava cego a vóz da razão
À vossa Divindade, fui ignorante e profano
Sádico cheio de atos medonhos e insanos.
O Senhor porém, só distribuiu o perdão.
Mesmo após as curas que realizastes em mim
Fui capaz de ser cruel ainda assim
A um Homem que só sabia amar
E ainda sim fui capaz de lhe matar.
Dois mil anos se passaram de cristianismo
E eu ainda lembro daquele dia em especial
Que ressequido de amor causei-lhe mal.
Eu estava repleto de um estúpido racismo.
Mesmo que tenhas levantado dentre os mortos
Ainda lembro de todo o mal que Lhe causei
Merecia ser rebaixado classe dos porcos.
Mas não, fui erguido como filho do Rei.
Quando aqueles pregos enormes martelei
E todo aquele sangue chorrou de suas mãos.
E aquela espada em teu peito enfim coloquei.
Percebi que em mim não tinha nenhum coração.
O que eu não entendo e talvez nunca entenderei
Porque ainda perdoou este vil pecador
Que covarde Lhe causou tanta dor.