Natureza indefesa (Soneto)

 
Ao fechar a triste tarde
Um sentimento me aborrece,
Dentro do meu coração arde
Uma dor que não arrefece.
 
Num mirar de um olho covarde
O canto do pássaro desaparece.
Mãos cruéis vestidas de maldade,
Da natureza indefesa não se compadece.
 
A espingarda reluz coberta de vaidade
A consciência apodrecida enlouquece,
Corre solta  nas veredas da impunidade.
 
Ignoram as leis no campo e na cidade
Exterminando a natureza que empobrece,
Sacrificando homens e animais sem piedade.